Nasceu em Bananeiras, no Brejo paraibano. Foi morar no Rio de Janeiro aos 16 anos de idade. Um ano depois foi convocado para ajudar o Brasil na Segunda Guerra Mundial. Anos mais tarde, retornou à Paraíba. Na última quinta-feira, o ex-combatente Genival Máximo de Oliveira completou 96 anos. E nesta sexta-feira (31) o Ministério Público da Paraíba (MPPB), por meio da Promotoria de Justiça da Cidadania e dos Direitos Fundamentais – Direitos dos Idosos – em João Pessoa, homenageou o paraibano, através do Projeto “Eu existo” – criado no ano passado.
Lúcido e livre de doenças como diabetes e hipertensão, o ex-combatente contou que foi um dos militares de estatura baixa que serviu ao Exército. Não toma remédios, apenas, algumas vezes chá de erva doce ou erva cidreira. “Eu sou voluntário, o caçula da época. Só que não me aceitaram porque naquele tempo não entrava nem soldado pequeno e nem mulher. Três meses depois foram na minha casa me buscar porque precisavam de soldado pequeno para Monte Castelo. A informação é que o mato não dava condições porque as barreiras eram muito baixas”, relatou.
O ex-combatente Genival Máximo contou que foi ferido no terceiro ataque da Guerra de Monte Castelo. Como era atirador de canhão, não havia condições de deslocar o veículo, pois o local era montanhoso. O soldado ficou com a função de patrulhar. “O 11RI de Minas Gerais, como é especialista de montanhas, foi encarregado de tomar Monte Castelo. Da minha companhia, que é do Rio de Janeiro, foram 11 homens. Nós fizemos todo o patrulhamento e eu sabia que eles estavam entrando errado. Eles entraram 10 minutos antes das quatro da manhã. Quando se preparávamos para dar a notícia já estava em ataque”, contou.
Horas mais tarde aconteceu o acidente. “Quando deu 11h da manhã do mesmo dia tiveram que cessar fogo. Eu estava em um sobrado velho entre a tropa deles e a nossa. Uma bomba caiu no prédio. O bloco caiu na minha cabeça e tirou o meu olho do lugar. Eu não estava com a jugular e o capacete caiu. Entrou estilhaços na minha cabeça. Durou quatro dias para tirar os estilhaços”, revelou, acrescentando que no final a Força Expedicionária Brasileira (FEB), que marcou presença no conflito, conseguiu ajudar e mostrar a força dos brasileiros na guerra. Lembranças como essa ficam na memória do ex-combatente que conta sempre quando recebe homenagens como a feita ontem pela Promotoria de Justiça.
Projeto homenageia idosos
A promotora de Justiça da Cidadania e dos Direitos Fundamentais, Sônia Maia, contou que a homenagem faz parte do Projeto “Eu existo”. “É um trabalho que nós estamos fazendo com as pessoas idosas. Aqueles que, de alguma forma, contribuíram para a sociedade, que já faleceram ou estão esquecidos. Aqueles que hoje estão bem vivos, que fazem parte da nossa memória histórica, as pessoas estão esquecendo. São pessoas que têm o seu valor como pessoas humanas, pelo trabalho que realizaram e que às vezes nem sempre as pessoas lembram que eles existem. Seu Genival é uma pessoa que faz parte do nosso trabalho”, comentou.
Além disso, a promotora ressaltou que Genival Máximo é o mais jovem dos ex-combatentes. “Tem uma memória invejável. Ele conta com detalhes como foi que aconteceu a guerra, como os brasileiros saíram do País para servir pela Pátria e para lutar pela paz mundial. Tem uma história viva”, frisou Sônia Maia.
“Toda homenagem que for feita para ele é merecido porque se trata de um ser humano inigualável. Eu digo que ele é uma pessoa incrível. Apesar da idade tem todo um contributo para mostrar para a juventude de agora de que no Brasil existem verdadeiros patriotas”, afirmou.
“VOCÊ PODE SER UMA PESSOA MUITO INFLUENTE, MAS ÀS VEZES PODE SER NOTÁVEL ATRAVÉS DE UM TRABALHO QUE FEZ, UM TRABALHO SOCIAL, ÀS VEZES UMA ARTE, ÀS VEZES ALGUMA COISA QUE VOCÊ FEZ DE BOM QUE VOCÊ TENHA FEITO, MAS AS PESSOAS NÃO QUEREM MAIS DÁ VALOR E ESQUECEM DELAS”.
O projeto foi criado no ano passado. “A primeira pessoa homenageada foi o seu Ariosvaldo, que infelizmente faleceu. Era uma pessoa que trabalhou muito aqui na Paraíba. Ocupou vários cargos de destaque e depois terminou na pobreza, dividindo uma quentinha com quatro pessoas. Depois nós fizemos com o diretor da Aspan – fundador – que está bem idoso e inclusive recebeu uma medalha dos ex-combatentes”, disse. À frente da Associação dos Ex-combatentes, Gertrudes Ferreira Tavares, é uma das pessoas luta para manter viva a história dos ex-combatentes. “Eu quero que essas pessoas sejam homenageadas ainda em vida porque eles foram importantes para a nossa história”, frisou.
Portal Correio
Discussion about this post