Do futebol gaúcho para a Roma, e de lá rumo ao Liverpool. Essa é a trajetória do último goleiro brasileiro campeão da Copa América. E quem sabe do próximo. Talvez pouca gente se lembre que Doni era o titular da Seleção na conquista de 2007, e menos ainda que sua carreira teve movimentos muito semelhantes ao de Alisson, atual dono da posição e fundamental na missão de eliminar o Paraguai nesta quinta-feira e chegar à semifinal do torneio.
Semelhantes nos carimbos do passaporte, mas muito distantes na quantidade de dinheiro envolvido. Somadas, as transferências de Alisson do Internacional para a Roma, e do clube italiano ao Liverpool somam R$ 300 milhões. Ele chegou a ser o goleiro mais caro do mundo até o espanhol Kepa chegar ao Chelsea por R$ 345 milhões.
Em 2005, o contrato de Doni com o Juventude chegava ao fim. A Roma pagou R$ 18 mil entre custos de rescisões e viagens para adquirir os direitos do goleiro revelado pelo Botafogo-SP, com passagens por Corinthians e Santos.
Alisson
- Do Internacional para a Roma (2015): € 5 milhões (R$ 21,8 milhões)
- Da Roma para o Liverpool (2018): € 62,5 milhões (R$ 278 milhões), sem contar variáveis em bônus
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Doni
- Do Juventude para a Roma (2005): R$ 18 mil de custos de viagens e recisão
- Da Roma para o Liverpool (2011): € 1,5 milhão (R$ 3,3 milhões) pela quebra contratual
Seu desempenho acabou superando expectativas e o levou à seleção brasileira pelas mãos de Dunga. Ele disputou seu primeiro jogo somente 22 dias antes de a equipe estrear na Copa América de 2007, num empate sem gols com a Turquia. Agradou, foi mantido e acabou sendo importante na conquista, sobretudo na disputa por pênaltis com o Uruguai, na semifinal.
– Foi o grande momento da minha vida, pois vencer uma competição com a Seleção é uma enorme satisfação para a carreira de um atleta. Os trunfos daquele grupo foram a união e a vontade de vencer. A Seleção passava por uma reformulação, os primeiros jogos serviram para pegar entrosamento e tivemos a capacidade de nos entender rapidamente. Depois disso, tivemos o crescimento necessário – lembra Doni, citando a derrota para o México na estreia.
Doni foi à Copa do Mundo de 2010 como um dos reservas de Julio César – o outro era Gomes – e isso ajudou o Liverpool a se interessar por sua contratação, em 2011. Como ele ainda tinha mais um ano de contrato com a Roma, entrou num acordo para receber 50% do valor de cada clube. Isso significa que Alisson moveu valores cerca de 100 vezes maiores.
– Sou muito honrado por fazer parte da geração que abriu as portas na Europa. Houve a fase do Taffarel e depois veio a turma, lembro bem do sucesso, ao mesmo tempo, do Dida, Hélton, Gomes, Julio César e meu. Todos se destacando na Champions League. Hoje é natural a valorização do goleiro brasileiro no mundo e fico muito feliz por isso – afirma o ex-goleiro, aposentado em 2013 depois de ser diagnosticado com arritmia cardíaca.
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