O vereador João Sufoco (UB) utilizou a tribuna da Câmara Municipal de Alhandra, nesta semana, para afirmar que não teme intimidações e que seguirá firme denunciando o que classificou como um “descalabro administrativo” na gestão do prefeito Marcelo Rodrigues (MDB). Em discurso contundente, o parlamentar afirmou que não receia ter o mesmo destino do vereador Peron Filho, de Jacaraú, assassinado recentemente, e deixou claro que não será silenciado diante das ameaças. “Não tenho medo dessas coisas. Quem quiser vir, venha. O risco que corre o pau, corre o machado”, declarou.
Sufoco tem sido a única voz de oposição na Câmara, denunciando irregularidades que, segundo ele, ultrapassam R$ 30 milhões em prejuízo aos cofres públicos.“Todas as licitações são todas fraudadas”, disparou.
As acusações ganharam mais peso diante das recentes operações policiais que voltaram a expor a Prefeitura de Alhandra nas páginas policiais. No dia 30 de outubro, uma ação que investigava fraude em licitação para construção de um ginásio resultou na prisão do ex-secretário de Obras, Luiz Silva de Andrade, além de cinco mandados de busca e apreensão em Alhandra, João Pessoa e Cabedelo.
Durante o pronunciamento, o vereador lembrou que, no mesmo dia da operação que ocorreu em Jacaraú, outra ação policial atingiu novamente setores da Prefeitura de Alhandra. “Não foi só o ex-secretário que foi preso. O chefe da licitação também foi alvo de busca e apreensão. Levaram computador, documentos e outras coisas”, disse. As investigações da Polícia Civil apontam para crimes como fraude à licitação, peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa voltada ao desvio de recursos públicos.
Sufoco contou que o ex-secretário teria beneficiado a empresa GRA Construções, supostamente registrada em nome de um “laranja”, mas ligada diretamente ao próprio gestor de obras. O esquema, segundo o vereador, permitiria que o responsável pelas contratações fosse também o beneficiário da execução dos serviços, caracterizando grave conflito de interesses e possíveis superfaturamentos. As denúncias foram formalizadas por João Sufoco junto à Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor), ao Gaeco e ao Tribunal de Contas do Estado.
Apesar das investigações e da exoneração do ex-secretário, o vereador destacou que duas filhas de Luiz Silva de Andrade foram posteriormente contratadas pela gestão municipal, além de obras públicas que teriam sido repassadas a empresas ligadas à família — entre elas, a construção de uma cozinha comunitária.
Para Sufoco, os fatos reforçam o que ele considera um esquema estruturado de corrupção no município. “As licitações são todas fraudadas e isso é um absurdo. Como vereador, não vou me calar e continuarei denunciando até que todos sejam presos”, concluiu.




