Segue o Calvário: Comunicador preso por extorsão e repasse de propina no esquema girassol mantém relação comercial com governo João Azevedo

O comunicador Fabiano Gomes, que se  autointitulou “Roberto Jefferson” da Paraíba, conforme conversa entre o ex-procurador Gilberto Carneiro e o ex-presidente da Cruz Vermelha no Rio de Janeiro, Daniel Gomes, estaria buscando embaraçar às investigações da Operação Calvário, além de praticar extorsão a empresários e membros do esquema criminoso que drenou recursos vultuosos dos cofres públicos paraibanos sob a liderança de Ricardo Coutinho, do PSB. Fabiano Gomes foi preso pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira (10), em prisão provisória, pelo prazo de 05 (cinco) dias, podendo ser prorrogada, sendo encaminhado ao Presídio Des. Flóscolo da Nóbrega (Róger), por não possuir formação superior.

Segundo as investigações, um dos produtos produto das buscas realizadas na 7ª fase da operação Calvário (Juízo Final), foram encontrados manuscritos na agenda pessoal de RICARDO COUTINHO que o vinculariam a Fabiano Gomes, referenciado pela sigla “FG”. Tais registros possivelmente teriam relação com pagamentos ilícitos de propina operacionalizados pelo radialista. Aliás, pode-se dizer com todas as letras que até hoje que os interesses empresariais entre Fabiano Gomes e o Governo do Estado continuam intactas mesmo com Coutinho fora do Palácio da Redenção, apesar do suposto e controvertido afastamento entre o socialista e o seu sucessor João Azevedo, agora no Cidadania.

Não à toa, as empresas criadas por Fabiano Gomes têm como um dos clientes o Governo do Estado, comandado por Azevedo, pelo menos a julgar pelo banner central no site Fonte83. Confira:

De acordo com as investigações, Fabiano Gomes encontra-se vinculado ao quadro societário de sete empresas, dentre as quais se destaca a ARTFINAL DE PROPAGANDA LTDA, que teria recebido do Governo do Estado da Paraíba o montante de R$ 9.101.776,22. O problema é que segundo as investigações a empresa ARTFINAL não pertença unicamente a atual proprietária DENISE KRUMMENAUER PAHIM, mas também à família “COUTINHO”. Inclusive o material apreendido na residência daquela, durante a última fase ostensiva da operação, indica a ingerência da família “COUTINHO” em relação a empresa, robustecendo as suspeitas da existência de vínculos entre os mencionados investigados e FABIANO GOMES.

Foram encontrados na agenda pessoal Ricardo Coutinho repasses sistemáticos de propina ao “jornalista”.

“30.000 – FG (Fabiano Gomes)”;

“2,5 mi p/ Luc. (Luceninha)

-> últimos 500 p/ FG (Fabiano Gomes)”

“Tu negocia milhão com Fabiano Gomes e vem me dar couro de rato. Na véspera- 19:10 -> 3hs – Nonato no Escritório de Roberto Santiago”.

As anotações teriam relação com os desdobramentos da “Operação Xeque-Mate”.

Outro indício do envolvimento de FABIANO GOMES a Operação Calvário é um áudio contido no material apresentado pelo delator, DANIEL GOMES DA SILVA, que em uma conversa entre este e GILBERTO CARNEIRO, disse o seguinte:

“GILBERTO: aí esse aqui, tava… tava… é… querendo fazer campanha de VENEZIANO, sabe?

DANIEL: Hum… hum… GILBERTO: que é um dos nossos senadores.

DANIEL: Hum… hum… GILBERTO: aí WALDSON… é… eu tinha… questão obvia (ininteligível) de marketing… é o único né, e tal. Aí vetou né, porque disse que já tava…

DANIEL: Claro!

GILBERTO: …com o marketing todo completado… se esse aqui quisesse contratar ele… esse aqui… DANIEL: Ok, faz… faz… individual.

GILBERTO: Seria pra… pra… pra mulher…

DANIEL: Entendi!

GILBERTO: que a mulher dele é candidata!

DANIEL: É federal! É federal né, a mulher?

GILBERTO: É! aí esse aqui foi dizer a esse que esse tinha vetado… esse…

DANIEL: Putz…

GILBERTO: aí esse aqui surtou, sabe? Surtou ai… aí fez um monte de ameaça e tal… tal… tudo mais… ai… aí gerou um problema sério e tal… aí eu fui falar com esse… pra puder…

DANIEL: Claro!

GILBERTO: Ele tava (ininteligível)… aí eu cheguei lá… o que é que tá acontecendo? Ele disse: “não é por que me fuderam… fuderam, me escantearam, eu tô fudido, tô passando fome, não sei o quê, eu tava certo… eu ia fazer com o senador e aí…” Eu disse, rapaz, não existe isso não, isso é desculpa do senador, com todo respeito. Não pode ser feito pela majoritária, por que tu sabe muito bem que os recursos são vinculados pra… pra o marketing geral… a gente não… a gente não aceita, a gente não admite campanha separada, tem que ser casada. Por uma questão obvia…

DANIEL: Claro!

GILBERTO: Então assim, ele pode muito bem te contratar pra tu fazer o da mulher, agora eu vou conversar com ela, então você não fique conversando essas coisas… aí amigo… agora você já disse que vai procurar a polícia, vai… vai… vai fazer uma denúncia que você tá… fazer uma restrição… ocorrência que você tá ameaçando ele… aí ele pegou e disse: “É, porque eu sei muita coisa”. (ininteligível) o quê? “Sei, eu sei muita coisa!” (ininteligível). Eu não sei…

DANIEL: Hum… hum…

GILBERTO: aí eu disse, rapaz… HNI: (ininteligível) …é?

DANIEL: Todo mundo já olhou e de cima… cabo a rabo porra…

GILBERTO: Pois é… isso ai, se preocupa não, isso ai… “Não, vocês estão brincando comigo… vocês estão brincando comigo! Eu sou um Roberto Jefferson… Eu sou um Roberto Jefferson!” Ai, assim… eu… eu… eu… fiquei cauteloso, tal…

DANIEL: É!

GILBERTO: aí depois ele se acalmou, tal… enfim… e eu conversei com esse aqui…

DANIEL: Contornou, conseguiu contornar!

GILBERTO: Esse aqui… esse aqui disse: “Não… não… tá… tá sob controle, tá não sei… mas aí eu fiquei curioso, aí eu quero te perguntar se alguma vez vocês tiveram alguma bronca?

DANIEL: Nunca, nunca nem tive…

GILBERTO: Não, né? DANIEL: Nada… nada… zero… zero!

GILBERTO: Zero… zero…

DANIEL: Vou até perguntar pro LENILTON, eventualmente, se alguma coisa na comunicação, mas também não me lembro de nada dele, pelo contrário.

GILBERTO: Ham… ham…

DANIEL: Não, a gente nunca teve política de pagar pra esses jornalistas, essas merdas… a gente nunca fez!

GILBERTO: Não, né? Era só… como eu te falei…

DANIEL: Que foi por acaso, foi até o LENILTON dizendo que foi contra, eu até confesso que em alguns momentos pensava até…

GILBERTO: Sei… sei!

DANIEL: … que às vezes é mais fácil pra gente resolver o problema, mas não, pelo contrário. Com a gente nunca teve não…

GILBERTO: É….

A conversa acima menciona um jornalista, que segundo DANIEL GOMES esclareceu, tratava-se de FABIANO GOMES.

Confira, na íntegra, a decisão do desembargador Ricardo Vital que deflagrou a oitava fase da Operação Calvário:

calvario-8

 

 

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