O PSOL, partido que completou 20 anos de existência, muitas vezes se apresenta como uma força de renovação e luta por causas progressistas. No entanto, uma análise mais aprofundada revela que, na prática, o partido enfrenta desafios sérios de coerência, eficiência e responsabilidade.
Um dos símbolos dessa contradição é a deputada federal Érika Hilton. Ela tem sido alvo de diversas revelações que expõem uma conduta pouco ou nada republicana, incluindo a contratação de maquiadores para sua assessoria e o reembolso de cirurgia plástica, fatos que colocam em xeque a sua postura de ética e transparência. Essas atitudes reforçam a percepção de que, para alguns, o partido se tornou mais uma plataforma de autopromoção do que uma verdadeira força de transformação social.
Além disso, o PSOL tem uma trajetória marcada por uma presença limitada no Executivo. Em duas décadas, o único cargo relevante foi a prefeitura de Belém, sob a gestão de Edmilson Rodrigues, que foi considerado o prefeito mais mal avaliado do país, com uma rejeição de 75%. Ele também foi o primeiro prefeito de Belém a não conseguir se reeleger, o que evidencia dificuldades na gestão e na manutenção de apoio popular.
O partido, de fato, atua predominantemente no legislativo, onde muitas vezes parece não assumir responsabilidades concretas, limitando-se a fazer barulho nas redes sociais. Essa postura, aliada a um baixo nível técnico e de articulação política, explica a sua aparente ineficiência na implementação de pautas relevantes. O PSOL, assim, se assemelha a um partido de “Pop Star”: muito show, muita mídia, mas pouca ação efetiva.
Outro ponto importante é a história interna do partido. A expulsão de Heloisa Helena, fundadora e candidata mais votada da história do PSOL, evidencia uma certa incoerência na sua trajetória. Heloisa, uma nordestina evangélica contrária ao aborto, obteve 6,5 milhões de votos, enquanto Guilherme Boulos, uma figura mais recente, conquistou cerca de 617 mil votos. Essa diferença mostra que o partido, ao longo do tempo, passou por mudanças que podem refletir uma certa desconexão com suas raízes e com a diversidade de opiniões dentro de sua base.
Em suma, o PSOL precisa refletir sobre sua trajetória e suas ações. A presença de figuras como Érika Hilton, envoltas em controvérsias, e a sua limitada atuação no Executivo, reforçam a necessidade de uma autocrítica e de uma mudança de postura para que possa realmente cumprir seu papel de força progressista e responsável na política brasileira.
Ivandro Oliveira é jornalista