Nos últimos dias, as movimentações financeiras da Prefeitura de Mari, na Paraíba, têm chamado a atenção da comunidade e dos especialistas em gestão pública. No dia 3 de junho, a administração municipal empenhou mais de R$ 1,4 milhão na aquisição de livros didáticos para a rede municipal de ensino, um valor expressivo que levanta questionamentos sobre transparência e critérios utilizados nas compras.
De acordo com dados do sistema Sagres Cidadão, do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB), os recursos foram destinados à empresa Gomes & Silva Assessoria e Comércio de Livros LTDA, inscrita sob o CNPJ 44.540.421/0001-80. Os empenhos envolvem uma variedade de materiais, como kits dinâmicos, coleções de língua portuguesa, livros sobre cultura afro-indígena e materiais voltados à Educação de Jovens e Adultos (EJA). Todos esses empenhos foram feitos no mesmo dia, o que reforça a ideia de uma despesa concentrada e de caráter urgente.
O valor total empenhado chega a R$ 1.495.279,00, quase 40% do orçamento anual de muitos pequenos municípios da região. Entre os principais itens adquiridos estão livros para a Educação Infantil, gramáticas para o Ensino Fundamental, materiais de produção textual, além de conteúdos interdisciplinares do “Projeto Dinâmico Saber” e materiais específicos para a EJA.
No entanto, até o momento, nenhuma dessas compras foi efetivamente paga, segundo os dados disponíveis até o sábado (7). Além disso, a ausência de informações detalhadas sobre o processo licitatório ou termos de referência no portal Sagres levanta dúvidas sobre os critérios utilizados na contratação, especialmente considerando que a Gomes & Silva aparece como única beneficiária dos empenhos.
Essas movimentações financeiras, ocorridas logo após o escândalo envolvendo compras de mochilas escolares por valores considerados elevados, reacendem o debate sobre a transparência na gestão dos recursos públicos e a necessidade de critérios mais rigorosos na aquisição de materiais para a educação.
