No livro que lança nesta quinta-feira, 02, sob o título ‘Contra o Sistema da Corrupção’, o ex-juiz Sérgio Moro detona o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula, sugerindo que ambos são farinha do mesmo saco.
No livro, Moro conta que Bolsonaro usou o governo para blindar o filho. “Um estadista tem o compromisso de dirigir o país pensando no bem-estar geral e não em proteger o filho ou a família da ação da lei”, disse o ex-juiz.
Ele acusou o presidente de ter destruído o Coaf para salvar o filho, senador Flávio Bolsonaro. “O que não se poderia admitir era a destruição do sistema de prevenção à lavagem de dinheiro com o propósito de salvar da lei o filho de alguém, mesmo sendo ele o filho do presidente da República (…).
No livro e em entrevista ao Estadão, Moro fala o seguinte:
A Lava Jato foi a maior operação de investigação sobre a corrupção da história do Brasil, teve consequências no mundo inteiro, houve uma onda anticorrupção, é uma operação aclamada internacionalmente, isso eu presenciei de perto. E deixo bem claro no livro: foi um trabalho institucional, claro que tem indivíduos que fazem diferença nesse trabalho, mas foi um mérito institucional e da sociedade brasileira. E depois o meu período no Ministério, que houve muitos avanços, como relato no livro, no combate ao crime organizado, redução da criminalidade violenta, alguns programas que nós instalamos que até hoje vem surtindo bons efeitos, como por exemplo o banco nacional de perfis genéticos que tem permitido o esclarecimento de vários crimes, os programas de intervenção da força penitenciária nacional… Mas parte do projeto que era fundamental para mim, a consolidação do combate à corrupção, infelizmente não tive o apoio do Planalto e o que se viu, desde a minha saída, foi o desmantelamento”.
Perguntado se essa é a sua versão dos fatos, ele respondeu:
“Eu não diria uma versão. Eu diria que são os fatos. Os fatos são: a Petrobras foi saqueada durante o governo do Partidos dos Trabalhadores para enriquecimento ilícito de agentes públicos, agentes políticos e financiamento ilegal de partidos políticos. Os fatos são categóricos. Dois: houve uma quebra da promessa, no governo atual, de fortalecimento do combate à corrupção. A Polícia Federal hoje não é a mesma da época da Operação Lava Jato. A gente respeita muito os policiais, os delegados, os agentes, mas é evidente o enfraquecimento da Polícia Federal. O que eu busquei retardar, enquanto estava como ministro da Justiça, para proteger a Polícia Federal, a instituição, mas também o País, porque a Polícia Federal é uma instituição relevante para o País e em mãos erradas ela pode gerar diversos problemas, infelizmente houve esse desmantelamento”.
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