A remuneração da primeira-dama de Alhandra, Nadjane da Costa Almeida Rodrigues, voltou a chamar a atenção de servidores e moradores do município. Lotada como Agente Administrativo da Prefeitura, conforme documento obtido pelo TÁ NA ÁREA, ela recebe um salário de R$ 20 mil, valor que contrasta de forma gritante com a realidade da grande maioria dos servidores municipais, que sobrevivem com apenas um salário mínimo.

A discrepância salarial gera revolta não apenas pelo fato de Nadjane ser esposa do prefeito Marcelo Rodrigues (MDB), mas principalmente pela diferença abissal entre seus vencimentos e os da imensa maioria dos funcionários públicos da cidade. O salário da primeira-dama é, proporcionalmente, muitas vezes maior que o de mais de 90% do funcionalismo, que enfrenta jornadas pesadas, carências estruturais e condições de trabalho frequentemente criticadas pelos próprios servidores.
Sem entrar no mérito da qualificação da esposa do prefeito para ocupar o cargo, o cenário causa indignação em uma cidade que enfrenta problemas conhecidos e persistentes nas áreas de saúde, educação e infraestrutura. Enquanto faltam médicos, medicamentos, transporte escolar adequado e manutenção básica de ruas e prédios públicos, o município banca um salário considerado elevado até mesmo para cargos de alto escalão.
A situação repercute ainda mais devido ao fato de a gestão do prefeito Marcelo Rodrigues já ter sido alvo de três operações do Gaeco, com apoio das polícias Civil e Federal, além da prisão de um ex-secretário envolvido em denúncias de corrupção. Diante de tantos escândalos, críticos afirmam que a administração já “poderia pedir música no Fantástico”.
Num cenário de crise, investigações e grande desigualdade dentro do próprio serviço público, o salário da primeira-dama soa, para muitos moradores e servidores, como um deboche — ou, no mínimo, um retrato da completa desconexão entre a cúpula administrativa e a realidade da população de Alhandra.




