A julgar pelas imagens que correram o país, não parece ter sido uma boa ideia a chamada Esquerda, liderada pelo PT, decidir ir às ruas para medir forças com a Direita neste 7 de Setembro. A iniciativa, atribuída à ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), soou mais como um erro de cálculo do que como demonstração de estratégia.
Os números falam por si. O Monitor da USP, muito questionado, sobretudo pela Direita, apontou que o ato bolsonarista na Avenida Paulista reuniu 42,2 mil pessoas, enquanto o promovido pelo PT atraiu apenas 8,8 mil — quase cinco vezes menos, como destacou o portal Metrópoles. Em Brasília, a cena foi ainda mais simbólica: uma Esplanada praticamente vazia para assistir ao desfile da Independência, diante do presidente Lula, ministros e o presidente da Câmara, Hugo Motta (REP).
No confronto de pautas, a Direita bradou “Fora Moraes” e exigiu a aprovação da anistia para Bolsonaro e aliados. A Esquerda, por sua vez, ergueu faixas de “Não à anistia” e apostou na defesa da soberania nacional. Mas, no campo da percepção política, quem olhou de fora viu um descompasso evidente: enquanto Bolsonaro ainda mobiliza massas mesmo sob o peso dos processos judiciais, Lula e o PT tiveram dificuldades em atrair público.
A lupa internacional
Não se trata apenas de impressão doméstica. A imprensa internacional reforçou o contraste. O New York Times registrou que as imagens aéreas deixaram “poucas dúvidas” sobre a superioridade numérica bolsonarista, destacando que Bolsonaro segue como uma força política significativa. A BBC cravou os números: 42 mil contra 8 mil. Já o The Guardian foi além, avaliando que a euforia da esquerda com a expectativa de condenação de Bolsonaro foi “esfriada” pela intervenção de Donald Trump e pelo temor de que um Congresso conservador possa aprovar anistia.
Na Argentina, o Clarín falou em “milhares de pessoas às ruas antes do veredito”, e o La Nación apontou que os protestos bolsonaristas “desafiaram Lula antes do julgamento sobre o suposto golpe”.
O saldo político
O saldo desse 7 de Setembro é cristalino: a Direita, mesmo combalida, mostrou capilaridade e resiliência. A Esquerda, por sua vez, revelou fragilidade ao apostar em um embate de rua que não dominava. A lição é dura, mas clara: no jogo da política, números e imagens contam mais do que discursos de palanque.