O prefeito de João Pessoa Cícero Lucena, que está retornando ao Brasil, compartilou nota, por meio de suas redes sociais, assinada por ele e demais prefeitos, vice-prefeitos, além de outras autoridades públicas que integram a delegação brasileira que estava em missão oficial a Israel. De forma conjunta, nesta segunda-feira (17), a delegação divulgou o documento rebatendo duramente a Nota à Imprensa nº 269 do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty). O comunicado oficial do governo federal alega que não foi informado sobre a viagem e que a iniciativa teria ocorrido em desacordo com recomendações consulares emitidas em 2023.
A declaração do Itamaraty, segundo os integrantes da missão, contraria o que foi afirmado pela própria representação diplomática brasileira em Tel Aviv durante reunião online ocorrida no último sábado, 14 de junho. Na ocasião, segundo os prefeitos, diplomatas brasileiros reconheceram ter sido informados com antecedência sobre a viagem, especialmente no que se refere à segunda comitiva de prefeitos e a um governador, cuja participação foi articulada pelo consórcio de municípios responsável pela organização da missão.
“Se a representação diplomática foi previamente avisada, como reconheceram seus próprios representantes, questionamos a ausência de qualquer advertência formal ou impedimento à realização da missão”, diz o texto assinado pelas autoridades brasileiras.
A delegação também estranhou o fato de que o governo de Israel — país com o qual o Brasil mantém relações diplomáticas — tenha convidado formalmente autoridades brasileiras para uma agenda oficial, organizada com apoio direto do governo israelense, sem que o Itamaraty tivesse ciência da movimentação. “Mais grave ainda é que, em meio a um cenário de guerra, quando autoridades brasileiras — eleitas e em pleno exercício de suas funções — se encontram sob risco e buscam o apoio de seu país, recebam como resposta um comunicado que mais se assemelha a uma reprimenda do que a uma manifestação de solidariedade e proteção”, acrescenta a nota.
As autoridades reafirmam que a missão ocorre com propósito institucional e de boa-fé, em conformidade com os princípios republicanos, com agenda oficial e objetivos públicos previamente definidos. “O momento exige responsabilidade, unidade nacional e compromisso com a verdade”, conclui o comunicado.
A missão brasileira em Israel envolve visitas a centros de tecnologia, segurança pública, inovação e cooperação internacional, e tem sido realizada com suporte de interlocutores oficiais israelenses, em meio a um contexto delicado no cenário do conflito em Gaza. A postura do Itamaraty, vista como uma tentativa de descredenciar a viagem, gerou mal-estar entre os participantes e abriu nova frente de tensão entre esferas do poder público brasileiro.Ferramentas.
Confira a nota:
Nós, prefeitos, vice-prefeitos e demais autoridades públicas que integram a delegação brasileira em missão oficial a Israel, vimos a público manifestar nosso profundo desacordo e surpresa com a NOTA À IMPRENSA Nº 269 do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty). A referida nota afirma que o governo brasileiro não tinha conhecimento da missão e que esta teria ocorrido em desacordo com recomendações consulares emitidas em 2023.
Tal declaração contradiz frontalmente o que foi afirmado à própria delegação em reunião online com a representação diplomática brasileira em Tel Aviv, realizada no último sábado, 14 de junho. Nessa ocasião, os diplomatas confirmaram ter sido devidamente informados, com antecedência, sobre a missão, particularmente no que diz respeito à segunda comitiva de prefeitos e a um governador, informação esta repassada pelo consórcio de municípios organizador da viagem. Se a representação diplomática foi previamente avisada, como reconheceram seus próprios representantes, questionamos a ausência de qualquer advertência formal ou impedimento à realização da missão.
Causa-nos ainda maior estranhamento o fato de que um país com o qual o Brasil mantém relações diplomáticas convide oficialmente autoridades públicas brasileiras — por meio de uma agenda organizada com o apoio direto do governo de Israel — sem que o Itamaraty e a nossa representação diplomática naquele país tivessem conhecimento do fato. Mais grave ainda é que, em meio a um cenário de guerra, quando autoridades brasileiras — eleitas e em pleno exercício de suas funções — se encontram sob risco e buscam o apoio de seu país, recebam como resposta um comunicado que mais se assemelha a uma reprimenda do que a uma manifestação de solidariedade e proteção.
Reiteramos que nossa missão se deu com propósito institucional e de boa-fé, conforme as normas republicanas, com agenda oficial e objetivos públicos. O momento exige responsabilidade, unidade nacional e compromisso com a verdade.