Em meio às movimentações que agitam os bastidores da sucessão estadual na Paraíba, uma declaração do ex-senador Cássio Cunha Lima (PSD) jogou luz sobre uma possível reaproximação política com o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP). Durante entrevista concedida nesta terça-feira (10) ao repórter Fernando Braz, da Rádio Arapuan FM, Cássio afirmou que não impõe vetos a uma eventual candidatura de Cícero ao Governo do Estado pela oposição em 2026.
A fala, embora comedida, foi interpretada como um gesto de afago ao antigo aliado, com quem Cássio compartilha uma longa trajetória política. Os dois estiveram juntos em momentos emblemáticos: Cícero foi vice-governador na gestão de Ronaldo Cunha Lima, pai de Cássio, e teve papel decisivo na eleição do tucano ao Palácio da Redenção em 2002. Quatro anos depois, já na reeleição de Cássio, Cícero foi eleito senador.
Desde então, no entanto, os caminhos políticos de ambos se distanciaram, especialmente após a eleição de 2010, quando passaram a ocupar campos distintos. O reencontro, embora incerto, pode acontecer, já que tudo é possível na política.
Nesse contexto, a declaração de Cássio foi vista como um sinal de abertura para que Cícero possa migrar para a oposição. “Não tenho veto a ninguém. Essa é uma discussão coletiva, não individual. Depende de Cícero, Pedro, Ruy, Veneziano, Efraim… de todo o grupo. Eu não participo diretamente do processo político, mas acompanho com atenção”, disse o ex-governador.
Cássio ainda fez questão de pontuar que o afastamento entre os dois foi apenas político, não pessoal. “Houve um desalinhamento político, não pessoal. Continuo tendo por ele respeito, carinho e admiração. São coisas normais da política”, afirmou.
O gesto, ainda que sutil, reverberou entre lideranças e observadores da cena política paraibana. Com o cenário eleitoral de 2026 ainda em construção, o afago de Cássio pode ser o primeiro passo para uma reaproximação que, se concretizada, resgataria uma das parcerias mais simbólicas da política paraibana nas últimas décadas.