Alvo da Operação Calvário, Organização criminosa atua em outros hospitais com contratos milionários no governo Ricardo Coutinho

Os braços da organização criminosa que foi alvo de operação do Ministério Público no último dia 14 de dezembro e que prendeu, em João Pessoa, o empresário Roberto Calmon, que tem ligações com a Cruz Vermelha, responsável por sacar “milhões de reais desde 2011 quando passou a atuar na Paraíba”, podem ser maiores que até aqui apurou as investigações. É que outras ‘organizações’ do gênero, supostamente controladas administrativamente pelo mesmo grupo de pessoas, atuam na Paraíba gerindo outros hospitais e unidades de saúde durante toda a gestão do governo Ricardo Coutinho, a exemplo do Instituto de Psicologia Clínica, Educacional e Profissional (IPCEP), que vai abocanhar a bagatela de R$ 134 milhões para gerenciar o recém inaugurado Hospital de Trauma de Santa Rita.

O contrato tem sido alvo de muita controvérsia no âmbito do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que chegou a suspender a contratação da Organização Social, no valor de aproximadamente R$ 134 milhões, sendo R$ 34 milhões, para investimento na fase de implantação, e mais R$ 99.749.602,88  para custeio da unidade hospitalar. O conselheiro identificou vários indícios de irregularidades no contrato do Governo com a OS, e decidiu pela sua suspensão. (Detalhes do contrato em https://goo.gl/Rwfgwo)

Mesmo com alerta feito pelo TCE da suspeita de irregularidades, o Governo do Estado, através da Secretaria de Saúde, pagou duas faturas ao IPCEP: uma no valor de R$ 12 milhões (em 21 de novembro de 2017) e outra de R$ 250 mil (em 4 de dezembro de 2017. O detalhe foi o fato de ter anulado outra fatura de R$ 12 milhões, também em 21 de novembro, o que intrigou os auditores.

Dentre as várias irregularidades, os auditores também identificaram que “não há comprovação nos autos que o IPCEP atendeu aos itens acima citados do Edital nº 002/2017, que em síntese, versam sobre a comprovação de experiência e expertise necessária à celebração do Contrato de Gestão do porte firmado”. E teria assinalado que o Hospital teria 57 leitos, quando, na verdade, são 226.

E ainda: “Sem a comprovação da experiência e da expertise necessárias, não há evidências de que o IPCEP irá atingir a finalidade de bem gerir o Hospital Metropolitano de Santa Rita e alcançar os resultados e metas que se propõe, de modo que pode haver grave prejuízo ao erário e à sociedade, a transferência de gestão de uma unidade hospitalar de alta e média complexidade a uma organização sem o know-how necessário, principalmente, considerando a soma de recursos públicos (financeiros e humanos) envolvidos.”

Foram constatados indícios de irregularidades até no processo de seleção para contratação de pessoal, tanto que o TCE recomendou “uma diligência junto a SES (Secretaria de Saúde), para se assenhorear acerca da seleção de pessoal que está sendo realizada pelo IPCEP, verificando a efetiva existência de critérios objetivos e isonômicos, com previsão em norma regulatória, e todos os demais aspectos pertinentes à matéria, informando com toda brevidade à relatoria quaisquer irregularidades a respeito”.

CONFIRA  A DECISÃO DO CONSELHEIRO: Hospital de Santa Rita decisão de conselheiro do TCE jan2018

Hospital de Santa Rita decisão de conselheiro do TCE02 jan2018

IPCEP – O Instituto de Psicologia Clínica Educacional e Profissional tem sede no Rio de Janeiro, à Rua Maria Eugênia, 138, Humaitá (Zona Sul), e já administra o Hospital Regional de Mamanguape, por contrato firmado no atual Governo. A OS recebeu, no período de 2014 a 2017, para gerir o Hospital de Mamanguape, mais de R$ 96 milhões, embora tenha empenhado pouco mais de R$ 103 milhões.

 

 

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