
Embora rejeite a existência de um plano B para a disputa presidencial, o próprio PT já executa o que seus próprios dirigentes chamam, ironicamente, de estratégia tríplex, que envolve Fernando Haddad (PT), Manuela D‘Ávila (PCdoB) e o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, preso e com requisitos para ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa, informa O Globo.
Em uma frente, a defesa do ex-presidente se vale de prazos e recursos judiciais para retardar a declaração de inelegibilidade. Por outro lado, a própria Manuela já reconhece que o cenário da disputa presidencial pode se consolidar sem a presença do líder petista.
A declaração de Manuela bate de frente com a estratégia adotada pela direção do PT de tratar publicamente a pré-candidatura de Lula como única opção do partido. A sigla nega que a escalação de Haddad como vice tenha deflagrado a construção de um plano B para a eleição.
— É um acordo em que nós do PCdoB ocuparemos a vaga de vice em qualquer um dos cenários. Eu torço para que, em 1º de janeiro, a Justiça decida que eu tomarei posse como vice-presidente da República com Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência, mas eu e o Haddad estamos prontos para vencer a eleição em qualquer cenário — afirmou Manuela ontem, em seu primeiro pronunciamento após a retirada de sua pré-candidatura.
Ao seu lado, Haddad, que será registrado como vice da chapa petista no dia 15 de agosto, não fala sobre o quadro em que Lula não esteja no comando da chapa. No discurso oficial petista, a estratégia tríplex prevê o ex-prefeito como uma espécie de vice-tampão:
— Eu estou representando o presidente Lula como candidato a vice-presidente. Assim que ele (Lula) tiver a sua candidatura homologada, nós vamos estender o tapete vermelho para Manuela ocupar o meu lugar.
Para não criar rejeição ao seu nome no PT, Haddad tem seguido à risca a linha adotada pela direção da legenda e tem evitado qualquer declaração em que cogite a hipótese de se tornar o candidato a presidente.
Questionado sobre as diferenças de abordagem sobre o mesmo tema, o coordenador da campanha, o petista José Sérgio Gabrielli, reconheceu que existe a chance de Lula não estar na urna na eleição do dia 7 de outubro:
— A possibilidade de impugnação existe, mas vamos lutar contra isso.
Apesar de Haddad ter entre as suas missões “vocalizar” as ideias de Lula, o PT não pretende pedir que o ex-prefeito participe do debate da TV Bandeirantes, amanhã à noite. A ideia no partido é fazer um debate paralelo no mesmo horário nas redes sociais.
O pedido de participação de Lula foi negado, na segunda-feira, pelo Tribunal Regional Federal da 4º Região (TRF-4) sem apreciar o mérito do pedido. O entendimento é que o caso deveria ser avaliado pela 1ª instância.
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