O hospital que custou mais de R$ 150 milhões, que seria responsável pela assistência de alta complexidade em áreas como cardiologia e neurocirurgia, por meio de uma estrutura de 226 leitos, sendo 58 de UTI, 11 salas de cirurgia e um moderno centro de diagnóstico por imagem, está agonizando não apenas com as últimas revelações, no âmbito da Operação Calvário, de que 18 mil pessoas teriam sido lesadas durante a seleção pública para preenchimento de vagas de trabalho nas mais diferentes áreas, mas, também, pela falta de medicamentos, materiais de órteses e próteses, além de insumos médico-hospitalares.
A denúncia feita por médicos que trabalham no hospital à redação do Tá na Área aponta para um cenário de caos no hospital, com pacientes esperando por uma cirurgia há 50, 60 dias. Segundo relatos, em alguns casos, por falta desses insumos, pacientes, com quadro preocupante, terminam por receber alta por conta do risco de infecção hospitalar, ficando no aguardo da assistência social fazer o contato com a agendamento do procedimento, assim que o material for adquirido pelo hospital. “Ocorre que a fila tem aumentado e os insumos terminam chegando a conta-gotas, ou seja, quem estivem em estado mais grave vai fazendo seu procedimento primeiro, uma verdadeira loteria”, desabafou um médico que atua na unidade.
Os profissionais que atuam na unidade, por outro lado, estão muito receosos quanto ao recebimento de seus salários, visto que a OS que administra a unidade, com o fim do contrato com o Governo do Estado, emitiu aviso prévio com data limite para o último dia 31 de janeiro, ficando uma série de dúvidas se receberão ao final do mês de fevereiro.
O Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires foi inaugurado em 2018, pelo então governador Ricardo Coutinho, do PSB, prometendo ser um centro de excelência em procedimentos cardiológicos e neurológicos. Contudo, a partir do advento da Operação Calvário, se viu que a unidade foi mais uma a adotar o ‘modelo’ de terceirização via Organização Social. Para gerir a unidade, uma velha conhecida desse ‘modelo’ nefasto, o Instituto de Psicologia Clínica, Educacional e Profissional (Ipcep), que, segundo a Operação Calvário com base em dados do TCE, no período entre 2014 e 2019, recebeu do Governo do Estado pouco mais de R$ 279,9 milhões, para administrar os hospitais Metropolitano e de Mamanguape.
Repasses do Governo da Paraíba ao Ipcep:
Ano | Mamanguape (R$) | Metropolitano (R$) | Total (R$) |
2014 | 10.151.541,42 | – | 10.151.541,42 |
2015 | 24.411.010,68 | – | 24.411.010,68 |
2016 | 23.647.944,60 | – | 23.647.944,60 |
2017 | 31.039.882,24 | 1.993.707,50 | 33.033.589,74 |
2018 | 28.361.996,25 | 67.236.601,87 | 95.598.598,12 |
2019 | 22.540.269,38 | 70.520.733,06 | 93.061.002,44 |
Total | 140.152.644,57 | 139.751.042,43 | 279.903.687 |
Mais recentemente, a Operação Calvário revelou que Daniel Gomes, chefão da Cruz Vermelha gaúcha, em delação, contou que o concurso para o Metropolitano foi só de fachada, porque, a mando de Ricardo Coutinho, o objetivo mesmo era lotear a unidade com indicações de vereadores e deputados da base de 30 a 50 vagas para cada um.
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