Na ânsia de sair da sombra e conquistar um lugar ao sol, um noviço da política resolveu escrever, ele mesmo, uma “estória” que lhe desse palco e plateia. Sem enredo sólido, mas com ambição transbordando, tratou de plantar um roteiro digno de picadeiro, onde ele pudesse se apresentar como protagonista e colher aplausos, ainda que forjados.
Adubado pelos fertilizantes do “vil metal” que circula nos porões de coleguinhas ávidos por manchetes fáceis, tentou arrastar seus pares para o enredo mirabolante. Mas, diante da recusa e da descrença dos colegas, o noviço decidiu criar um fato. Um ato ensaiado para levantar bandeira, conquistar holofotes e, quem sabe, vestir a fantasia de defensor do povo.
O problema é que, como toda mentira tem pernas curtas, o espetáculo está prestes a não resistir às primeiras investigações. Autoridades encarregadas a puxar o fio do novelo começam, a cada volta, perceber com evidência sobressalente o improviso e a farsa. Antes que o circo pudesse ganhar nome e praça, as luzes devem se apagar e o picadeiro ameaça ser desmontado, deixando o aspirante a artista sem público, sem aplausos e com a credibilidade em frangalhos.
No fim, a história não deve passar de um espetáculo mambembe: montado às pressas, patrocinado pela vaidade e encerrado pela verdade.