Por enquanto, ainda estamos assistindo apenas os trailers. Mas o filme político da Paraíba para 2026 já tem alguns personagens principais definidos — e dois deles formam uma das duplas mais entrosadas do atual cenário político nacional: os deputados federais Aguinaldo Ribeiro (PP) e Hugo Motta (Republicanos). A cada movimento, os dois mostram que estão jogando juntos — como Pelé e Coutinho no lendário Santos dos anos 60 — e que não pretendem ser apenas coadjuvantes no roteiro que levará à sucessão estadual.
É cedo para cravar nomes, mas é evidente que Hugo e Aguinaldo já ocupam o centro da articulação governista para o próximo pleito estadual, isso, claro, junto do governador João Azevêdo (PSB). E o mais interessante é que, mesmo em meio a disputas por espaço e eventuais farpas nos bastidores, os dois demonstram uma sintonia política difícil de ignorar.
O gesto mais recente e simbólico dessa aliança foi protagonizado em Brasília, onde Hugo Motta, atual presidente da Câmara dos Deputados, designou Aguinaldo Ribeiro como relator de uma das matérias mais estratégicas do momento: a revisão das renúncias fiscais no Brasil. Um tema sensível, técnico, de alta complexidade — e que exige confiança. A escolha reforça a afinidade política entre os dois e joga luz sobre o protagonismo que ambos exercem, não apenas no Congresso, mas também na construção do tabuleiro paraibano de 2026.
Com as renúncias fiscais previstas para 2025 beirando os R$ 544 bilhões (4,4% do PIB), e a necessidade de reduzir esse percentual para até 2% até 2029, o relator terá um papel crucial. E o fato de Aguinaldo ter sido o escolhido é mais do que técnica: é política, é sinalização, é aceno para um futuro em que ambos podem caminhar juntos com um projeto comum.
No campo da sucessão estadual, o governador João Azevêdo, ainda que esteja em fim de ciclo, permanece como o maior eleitor de 2026. É ele quem dará o tom final sobre quem será o candidato governista ao Palácio da Redenção. Aliás, caso saia do governo em abril do próximo ano, dificilmente não se elegerá senador. Hoje, os nomes mais cotados orbitam ao seu redor: Lucas Ribeiro (PP), vice-governador e cada vez mais pré-candidato; Cícero Lucena, prefeito da Capital e peça fundamental na engrenagem; e Adriano Galdino, presidente da Assembleia, que também se movimenta.
Nesse contexto, Aguinaldo e Hugo despontam como os articuladores silenciosos (ou nem tanto) que podem decidir o desfecho da trama. Eles têm trânsito no Congresso, acesso ao Planalto, influência na máquina partidária e capilaridade junto às lideranças municipais. Juntos, podem tanto viabilizar quanto vetar nomes — e isso os torna indispensáveis para qualquer projeto majoritário.
Claro, até 2026 muita água vai rolar. Mas o roteiro já começou a ser escrito, os ensaios estão acontecendo, e a plateia política paraibana acompanha atenta cada cena. Aguinaldo e Hugo, como Pelé e Coutinho, sabem se posicionar no campo, sabem quando tocar, quando avançar, e sobretudo, sabem fazer gol. Se continuarem no mesmo time, podem ser a jogada decisiva do grupo governista na sucessão.
O filme ainda está longe da estreia, mas o enredo promete — e os protagonistas já estão em cena.