Ameaças de golpe feitas por Bolsonaro se voltam contra ele; por Ricardo Boblat

Perca tempo, não, dando trela a Bolsonaro só porque ele voltou a atacar a China com a história velha, requentada, de que o vírus da Covid-19 é chinês, criado em laboratório chinês e exportado pelos chineses para os demais países, uma potente arma da guerra biológica e química silenciosamente travada no planeta.

Nem dê trela porque ele ameaçou outra vez baixar um decreto para confrontar a decisão do Supremo Tribunal Federal que reconheceu a validade das medidas de isolamento social adotadas por governadores e prefeitos no combate à pandemia, uma vez que o governo federal negou-se a fazê-lo lá atrás.

Falta poder a Bolsonaro para bancar tais coisas contra a democracia e o Estado de Direito no Brasil. A Constituição não lhe dá respaldo. A Justiça, por tabela, não dará. Em abril de 1964, os militares disseram sim ao golpe. Em abril último, quando Bolsonaro demitiu os comandantes das três Armas, disseram não.

Foi Bolsonaro, ontem, o golpeado quando o presidente americano Joe Biden anunciou a posição favorável do seu governo à quebra de patentes das vacinas. Para o coordenador do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz, Paulo Buss, a mudança de posicionamento dos Estados Unidos foi “surpreendente e histórica.”

No fim de 2020, sul-africanos e indianos apresentaram à Organização Mundial do Comércio proposta de que patentes de vacinas fossem suspensas durante a pandemia. Isso permitiria a produção de doses por empresas de todo o mundo. Nos países mais pobres, apenas 0,3% das vacinas foram distribuídas.

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