Na pré-temporada do Vasco, duas saídas colocam um ponto de interrogação sobre a administração de Alexandre Campello. Não, neste caso não se trata do ex-técnico cruzmaltino Vanderlei Luxemburgo ou de qualquer jogador que tenha deixado o clube na virada do ano. As saídas que tornam o futuro difícil de prever dizem respeito às finanças.
A administração de um clube de futebol segue – ou, teoricamente, deveria seguir – as diretrizes estabelecidas em um orçamento para a temporada. Uma peça produzida pelo departamento financeiro com as projeções em termos de receitas e custos. Tudo o que deve ser arrecadado, tudo o que precisará ser gasto, de preferência com previsão de lucro. Um guia para a direção tomar decisões ao longo do ano.
No Vasco, o orçamento para 2020 está pronto e aprovado desde dezembro do ano passado. Diante de adversários como Botafogo e Fluminense, que ainda não terminaram suas projeções, parece adiantado. Mas há um problema. As pessoas que produziram o orçamento vascaíno não estão mais no clube, e ainda não há como medir o impacto da saída delas na execução do que foi proposto.
João Marcos Amorim, então vice-presidente de finanças, deixou o clube logo que o ano começou. Adriano Mendes, que ocupava a vice-presidência de controladoria, na realidade um dos pilares na condução do Vasco desde que Campello iniciou seu mandato em 2018, saiu em seguida. E o pior: saiu porque houve divergências justamente na execução do orçamento que tinha sido formulado por ele.
No mundo ideal, não precisaríamos deste preâmbulo para falar do orçamento vascaíno. Mas não dá para começar sem ele. Caso o presidente Alexandre Campello e o restante de sua administração decidam não seguir as previsões orçamentárias, é possível que toda a análise abaixo não tenha, bem, nenhuma importância.
Vamos em frente…
Números isolados não dizem nada. Você os aperta, mas eles não contam história nenhuma. Por isso colocaremos três situações em paralelo. Em primeiro lugar, números que tinham sido projetados no orçamento para 2019. Em segundo, os que tinham sido executados pelo clube entre janeiro e setembro. Em terceiro lugar, o orçamento para 2020.
Esta não é a comparação ideal. Números do balancete até o terceiro trimestre mostram apenas nove meses, enquanto os orçamentos apontam para previsões que abrangem doze meses. Diante das informações disponíveis, no entanto, este é o melhor quadro possível.
As projeções financeiras do Vasco entre 2019 e 2020
Em R$ milhões | 2019 (projetado) | 2019 (realizado até setembro) | 2020 (projetado) |
Receitas | 238 | 131 | 322 |
Despesas | -145 | -137 | -145 |
Deduções | -14 | -7 | -14 |
Resultado financeiro | -6 | -14 | -9 |
Depreciação | -2 | -3 | |
Não operacionais | 13 | ||
Resultado líquido | 72 | -14 | 152 |
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