
Martin Fuksa parecia ser o adversário a ser batido. Era o então bicampeão mundial do C1 500m, o cara que venceu tudo o que disputou ao longo da temporada. Mas o baiano Isaquias Queiroz se valeu do trabalho duro e de uma máxima repetida à exaustão pelo técnico Jesus Morlán: não se pode ganhar tudo. O brasileiro foi superior quando realmente importou, na final do Campeonato Mundial de canoagem velocidade de Montemor-o-Velho, em Portugal, disputada nesta quinta-feira, e provou que é quem manda nessa distância ao cravar 1m49s203. Vencedor nos mundiais de 2013 e 2014, ele agora é tricampeão mundial na prova – que não faz parte do programa olímpico.
Na disputa desta sexta-feira, curiosamente, foi Sebastian Brendel, tricampeão olímpico no C1 1000m, a maior ameaça a Isaquias Queiroz. O alemão fez uma prova espetacular, colando no brasileiro nos metros finais, mas acabou na segunda colocação (1m49s496). Fuksa observou tudo de perto e ficou em terceiro lugar (1m50s143).
– É sensacional ser campeão mundial, ser o melhor do mundo. É uma coisa que não tem preço. Desde 2014 eu não entrada no Mundial de C1 500m, e agora voltei para dominar o meu lugar. Ser tricampeão é muito bom. Estou muito feliz de ter ganhado do Brendel, ter ganhado do Fuksa. Agora é descansar para ganhar desses monstros no C1 1000m – comentou Isaquias Queiroz.
Isaquias controlou bem a prova. Até largou atrás de Fuksa e de Brendel, mas ao passar da marca de 250m pegou a dianteira e não mais largou. Fuksa estava em terceiro, parecia que daria o tradicional gás final para pegar a ponta. Mas não foi o que ocorreu. Brendel até tentou fazer esse sprint e terminou bem pertinho do baiano. O ouro e o tricampeonato mundial, contudo, eram do baiano de Ubaitaba.
A medalha é a oitava da coleção de Isaquias em Mundiais. Além dos três outros nessa distância, ele foi campeão mundial do C2 1000m em Milão 2015 e conquistou outros quatro bronzes: no C1 1000m em 2013 e 2017, no C1 200m em 2015 e no C2 200m em2014. As principais conquistas da carreira, no entanto, são as três medalhas olímpicas conquistadas na Rio 2016: duas pratas no C1 1000m e no C2 1000m e o bronze no C1 200m.
– Eu quero me tornar aquela lenda viva do esporte, não só da canoagem como do esporte brasileiro. Mas para isso eu tenho muito o que aprender ainda, muito o que ganhar ensinamento do Jesus. Para me tornar esse atleta como um Bernardinho é como treinador, um Thiago Pereira, um Cesar Cielo, eu preciso treinar muito. Tenho muitos anos pela frente para conseguir esse feito. Ainda sou um peixinho no meio dos tubarões, mas com o tempo vou ganhando experiência para entrar na galeria dos melhores do Brasil – disse o canoísta.
Em Montemor-o-Velho, Isaquias ainda pode subir outras duas vezes no pódio. Na manhã deste sábado ele disputa a final do C1 1000m, prova olímpica na qual foi prata na última Olimpíada. À tarde ele disputa as baterias classificatórias do C2 500m, prova não-olímpica, em parceria com Erlon de Souza. Esse evento terá finais no domingo.
G1
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