Os preços do petróleo desabam nesta segunda-feira (9), arrastando as bolsas de valores de todo o mundo e fazendo disparar a cotação do dólar frente principalmente às moedas de países emergentes. As informações estão sendo atualizadas.
O motivo da turbulência em relação ao preço do petróleo é o desentendimento entre Rússia e Arábia Saudita, dois dos maiores produtores de petróleo do mundo, que estão em desacordo sobre o tamanho da produção da commodity neste ano. (entenda na cronologia abaixo).
Cronologia
- Epidemia de coronavírus reduz as expectativas de crescimento econômico global, e a estimativas de demanda mundial pelo petróleo, fazendo recuar o preço do petróleo
- Como forma de estabilizar os preços, a Opep, grupo dos maiores produtores da commodity, que inclui a Arábia Saudita, propõe ampliar os cortes na produção – reduzindo a oferta, os preços tendem a subir
- A Arábia Saudita, no entanto, condicionou o corte à colaboração da Rússia, um dos maiores produtores mundiais. O país não faz parte da Opep, mas há três anos é um aliado, sendo parte do que ficou conhecido como Opep+
- Na sexta-feira (6), a Rússia se negou a cortar sua produção. Em resposta, a Opep removeu todos os seus próprios limites de bombeamento. Com isso, o petróleo Brent sofreu sua maior queda diária em mais de 11 anos.
- No final de semana, a Arábia Saudita, maior exportadora de petróleo do mundo, retaliou a decisão russa, e decidiu adotar o maior corte dos preços do barril em 20 anos, e anunciou que vai aumentar a produção para ganhar participação no mercado.
- A decisão dá início a uma ‘guerra’ de preços, que afeta as cotações globais e deve ter repercussões em todo o mundo. Os Estados Unidos podem ser particularmente afetados – não só por serem os maiores consumidores de petróleo, mas porque uma queda acentuada nos preços do petróleo torna pouco competitivo o óleo extraído no país, especialmente o extraído a partir do gás de xisto, cujos custos são altos.
- Em mais uma jogada do ‘xadrez’ dos preços, o Ministério de Finanças da Rússia afirmou nesta segunda-feira que o país poderia suportar preços do petróleo de entre US$ 25 e US$ 30 o barril por um período de entre seis e dez anos.
Preço do barril desaba
- Os preços dos contratos de petróleo recuavam ao redor de 20% nesta segunda-feira. Na abertura dos negócios no mercado asiático, ainda no noite de domingo (horário de Brasília), o preço do petróleo do tipo Brent chegou a recuar 31%, no maior tombo desde a Guerra do Golfo (1990 e 1991).
Bolsas despencam
- Na Ásia, a bolsa de Tóquio desabou 5%. O índice Nikkei registrou queda de 5,07%, a 19.698,76 pontos, algo que não acontecia desde fevereiro de 2018, no início da guerra comercial entre Estados Unidos e China.
- Na China, o índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, caiu 3,42%, enquanto o índice de Xangai teve queda de 3,01%.
- Na Europa, as bolsas caíram perto de 7%. O índice London FTSE-100, da bolsa de Londres, caía 6,62%; o Frankfurt Dax, na Alemanha, 6,83%, o CAC-40, em Paris, 6,92%, e o Ibex 35, em Madrid, 7,15%, segundo dados da Bloomberg. Em Milão, o FTSE MIB caía 10,27%.
Efeitos no câmbio e nos juros
- Nos Estados Unidos, o rendimento dos títulos do Tesouro caía abaixo de 0,5%, levando a curva desse rendimento para abaixo de 1% pela primeira vez em dez anos
- No Japão, a cotação do iene teve forte alta, enquanto investidores correm para ativos considerados seguros em meio ao derretimento dos mercados. A alta prejudica os exportadores do país, e gera mais temores de desaceleração econômica
- No Brasil, a crise faz disparar a cotação do dólar – a cotação da moeda chegou a se aproximar dos R$ 4,80 no início dos negócios.
G1Economia
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