Na Paraíba, número de oftalmologistas está acima da média nordestina e se aproxima da referência da OMS. Presidente da Sociedade Paraibana de Oftalmologia defende políticas para interiorização e acesso.
Um levantamento inédito divulgado pelo estudo Demografia Médica no Brasil 2025 revela um panorama detalhado sobre a atuação dos médicos no país e destaca a especialidade de Oftalmologia como uma das mais importantes, mas também uma das que mais sofrem com desigualdades regionais.
De acordo com o levantamento, o Brasil conta hoje com 20.338 oftalmologistas, o que representa 0,95 profissionais por 10 mil habitantes — número próximo da recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que preconiza ao menos 1 por 10 mil. No entanto, esse índice cai para 0,63 no Nordeste, revelando um cenário preocupante para o acesso à saúde ocular na região.
Na Paraíba, a situação é um pouco mais positiva: o estado registra 344 oftalmologistas com uma taxa de 0,84 por 10 mil habitantes, acima da média nordestina. Ainda assim, especialistas alertam que essa distribuição é concentrada em cidades como João Pessoa e Campina Grande, deixando vazios importantes em municípios do interior.
Para a presidente da Sociedade Paraibana de Oftalmologia, Dra. Michelle Cantisani, os dados reforçam conquistas, mas também apontam os desafios ainda presentes:
“Ficamos felizes que a Paraíba, em número de oftalmologistas, está muito próxima do índice recomendado internacionalmente pela OMS e acima da média da região Nordeste, embora ainda abaixo da média nacional. Sabemos que ainda existe uma concentração desses profissionais na capital e nos polos estaduais, e nossos esforços estão focados em políticas públicas para interiorização e acesso desde a saúde primária, além da defesa por programas nacionais que diminuam essas diferenças regionais.
Estamos felizes pela melhora do acesso conseguido até aqui e intensificando esforços para ampliar esse acesso, aproveitando inclusive a vantagem de termos uma extensão territorial favorável, o que pode facilitar a interiorização dos serviços oftalmológicos em nosso estado.”
Além da análise quantitativa, o estudo aponta que 98,2% dos oftalmologistas brasileiros possuem título reconhecido, sendo uma das especialidades com maior grau de formalização e qualificação técnica. No entanto, o setor público ainda enfrenta dificuldades para absorver esses profissionais, que majoritariamente atuam na rede privada.
A expectativa é que, com o envelhecimento da população e o avanço das tecnologias como a inteligência artificial e a telemedicina, a Oftalmologia ganhe ainda mais relevância e seja estruturada com foco em equidade e inovação.
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