A recente mobilização dos governadores em torno da pauta da segurança pública, impulsionada pela operação policial no Rio de Janeiro, reacendeu o protagonismo da direita no debate nacional e acendeu um sinal de alerta no Palácio do Planalto. O movimento, que ganhou contornos políticos imediatos, não apenas recoloca a segurança no centro da agenda pública, mas também reposiciona lideranças regionais que vinham em busca de um discurso unificador para 2026.
A operação no Rio, amplamente divulgada e defendida por governadores alinhados ao discurso de “lei e ordem”, acabou funcionando como ponto de convergência para políticos de diferentes estados que veem na crise da segurança um campo fértil para capitalizar apoio popular. A união, ainda que informal, tem dado novo fôlego à direita, que até então parecia dispersa após o enfraquecimento político de Jair Bolsonaro. Agora, a narrativa de enfrentamento ao crime e de combate à violência surge como bandeira comum, oferecendo uma espécie de “agenda mínima” capaz de reorganizar o grupo.
Enquanto isso, no Planalto, o clima é de atenção. A equipe política de Lula sabe que segurança pública é um tema sensível, capaz de mobilizar emoções e votos, especialmente entre as camadas médias e populares que convivem diariamente com o medo. O governo federal tenta construir uma estratégia nacional integrada, mas ainda enfrenta dificuldades em apresentar resultados concretos que possam neutralizar o avanço discursivo dos adversários.
Na prática, o episódio mostra que, mesmo sem um líder único, a direita encontrou na segurança pública uma pauta aglutinadora e eleitoralmente potente. E, ao deslocar o foco da figura de Bolsonaro, o movimento abre espaço para o surgimento de novas lideranças regionais com ambições nacionais. Em um país traumatizado pela violência e pela sensação de desamparo, o tema promete ser um dos eixos centrais da disputa presidencial de 2026 — e, ao que tudo indica, a direita saiu na frente.




