Quase 90% dos moradores de favelas e comunidades do Rio aprovam operações da Polícia contra o crime organizado, aponta pesquisa

Marcelo Carmarg/Agência Brasil

Uma nova sondagem da AtlasIntel revela que a aprovação de uma grande ação policial no Rio de Janeiro varia de forma expressiva conforme o grau de contato direto com a criminalidade: entre os moradores de favelas no município, quase 90 % apoiam a mobilização; no conjunto dos brasileiros, a taxa de aprovação gira em torno de 55 %.

Os números e o cenário

De acordo com a pesquisa, a maioria dos habitantes das favelas cariocas demonstram respaldo à operação que o Estado do Rio mobilizou contra o Comando Vermelho. Entre o público mais amplo — incluindo brasileiros de todos os estratos — a aprovação é majoritária, mas bem menor: cerca de 55 %. Já entre os moradores das comunidades mais impactadas, a aprovação cresce para cerca de 88-90 %.

Esse padrão corrobora a ideia de que quanto maior o contato, ou a vivência direta do problema da violência armada e da presença de facções, maior tende a ser a aceitação de medidas mais agressivas de segurança pública.

O que esse apoio significativo nas favelas revela

O resultado da pesquisa acende alguns pontos de análise:

  • As comunidades mais diretamente afetadas pela presença de facções e pelo confronto cotidiano parecem adotar uma postura de apego à resposta estatal forte, como forma de romper com a condição de insegurança persistente.
  • A diferença — entre os 55 % no Brasil e quase 90 % nas favelas cariocas — sugere que a percepção da necessidade de intervenção se intensifica conforme a experiência concreta com violência.
  • Para formuladores de política pública, esse apoio elevado pode tanto legitimar ações enérgicas como também exigir reflexões mais amplas sobre os impactos colaterais: consequências para civis, garantias de devido processo, acompanhamento pós-operação etc.
  • Há uma tensão visível: entre o desejo de resposta rápida e contundente por parte da população mais fragilizada, e os alertas técnicos de especialistas de que operações exclusivamente militares/policiais tendem a não resolver, a médio prazo, os problemas estruturais da criminalidade e do controle territorial por facções. 

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