Após reunião pela manhã com os chefes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário a fim de buscar soluções para conter o agravamento da crise da Covid, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse na tarde desta quarta-feira (24) que os “remédios políticos” no Congresso contra a “espiral de erros” no combate à pandemia são “conhecidos”, “amargos” e alguns, “fatais”. O recado de Lira é muito parecido com um que Eduardo Cunha, então presidente da Câmara, deu meses antes da abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Sem mencionar um eventual processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro, Lira ressalvou que a aplicação desses “remédios” não é a intenção dele — a abertura de um processo de impeachment depende de decisão do presidente da Câmara.
“Muitas vezes [os remédios políticos] são aplicados quando a espiral de erros de avaliação se torna uma escala geométrica incontrolável. Não é esta a intenção desta Presidência. Preferimos que as atuais anomalias se curem por si mesmas, frutos da autocrítica, do instinto de sobrevivência, da sabedoria, da inteligência emocional e da capacidade política”, declarou em discurso no plenário da Câmara.
O deputado disse que estava “apertando o sinal amarelo” e citou “erros primários, desnecessários e inúteis” de governos, sem especificar o alvo da crítica.
“Eu aqui não estou fulanizando. Dirijo-me a todos que conduzem os órgãos diretamente envolvidos no combate à pandemia — o Executivo federal, os executivos estaduais e os milhares de executivos municipais também”, disse.
No discurso, Lira afirmou que “também não é justo descarregar toda a culpa de tudo no governo federal ou no presidente” e que “não é hora de tensionamentos”.
“Quero deixar claro que não ficaremos alienados aqui, votando matérias teóricas como se o mundo real fosse apenas algo que existisse no noticiário. Estou apertando hoje um sinal amarelo para quem quiser enxergar: não vamos continuar aqui votando e seguindo um protocolo legislativo com o compromisso de não errar com o país se, fora daqui, erros primários, erros desnecessários, erros inúteis, erros que que são muito menores do que os acertos cometidos continuarem a serem praticados”, declarou.
No início do discurso, sem citar os ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e do Meio Ambiente, Ricardo Salles, Lira disse que pandemia “é vacinar, sim, acima de tudo”, mas que é preciso ter “boas relações diplomáticas” e “esforços na área do meio ambiente”.
“Para vacinar, temos de ter boas relações diplomáticas, sobretudo com a China, nosso maior parceiro comercial e um dos maiores fabricantes de insumos e imunizastes do planeta. Para vacinar, temos de ter uma percepção correta de nossos parceiros americanos e nossos esforços na área do meio ambiente precisam ser reconhecidos, assim como nossa interlocução”, declarou.
Ainda segundo Lira, medidas como a abertura de comissões parlamentares de inquérito (CPIs) devem ser evitadas.
“Mas isso não depende apenas desta Casa. Depende também – e sobretudo – daqueles que fora daqui precisam ter a sensibilidade de que o momento é grave, a solidariedade é grande, mas tudo tem limite, tudo. E o limite do parlamento brasileiro, a Casa do Povo, é quando o mínimo de sensatez em relação ao povo não está sendo obedecido.”
O presidente da Câmara também defendeu que, por duas semanas, a Casa vote apenas temas de combate à pandemia.
Fonte: G1
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