O médico indicado pelo novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para coordenar um núcleo que definirá protocolos de tratamento à Covid-19 é um crítico do uso de medicamentos sem eficácia no combate à doença, como a cloroquina, defendida pelo presidente Jair Bolsonaro. O pneumologista Carlos Carvalho, professor da Universidade de São Paulo (USP), também defende o isolamento social e o uso de máscaras.
Na quarta-feira, Queiroga anunciou uma secretaria dentro do ministério para tratar exclusivamente do combate à Covid-19. Dentro dessa secretária, haverá um “núcleo técnico”, comandado por Carlos Carvalho, para definir “protocolos assistenciais”. Esse grupo vai dar orientações, por exemplo, sobre o momento em que pacientes devem ser internados e quando devem receber reposição de oxigênio.
“Nós estamos agora, com o firme propósito, e essa é uma providência do momento, de instituir uma secretaria especial para o combate à pandemia da Covid-19. Essa secretaria vai cuidar somente da pandemia — disse Queiroga, em entrevista coletiva. — Nós constituímos, dentro da secretaria especial de combate à pandemia, um núcleo técnico, que vai ser coordenado pelo professor Carlos Carvalho, professor titular da Universidade de São Paulo, que vai coordenar os protocolos assistenciais”, disse.
O ministro falou sobre o núcleo justamente ao ser questionado se o ministério iria rever a sua posição sobre a cloroquina. Queiroga respondeu que “não existe nenhum protocolo clínico e diretriz terapêutica no ministério ratificando uso de medicação”. No ano passado, a pasta divulgou protocolo autorizando o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina em pacientes em todos os estágios da doença.
Carlos Carvalho atuou como coordenador do Centro de Contingência contra a Covid-19 do estado de São Paulo. Ano passado, em entrevista ao GLOBO, Carvalho afirmou que não existe “tratamento milagroso” para a Covid-19 e nem um remédio que previna a doença. A única forma de prevenção, segundo o médico, é o isolamento e o uso de máscaras — duas práticas criticadas diversas vezes por Bolsonaro.
Em entrevista publicada na terça-feira pela “BBC News”, antes do anúncio de Queiroga, Carvalho afirmou que “informações desconexas sobre medicação sem eficácia contribuíram para a letalidade maior na nossa população”.
Da Redação com O Globo
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