Filho de Bolsonaro confirma mudança de embaixada para Jerusalém

Eduardo Bolsonaro com o boné que ganhou com o slogan de Trump para a reeleição Foto: Henrique Gomes Batista
Eduardo Bolsonaro com o boné que ganhou com o slogan de Trump para a reeleição Foto: Henrique Gomes Batista

O deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente eleito Jair Bolsonaro, confirmou nesta terça-feira em Washington, que a embaixada brasileira em Israel se mudará de Tel Aviv para Jerusalém. O tema é polêmico e foi alvo de diversas idas e vindas de Jair Bolsonaro nos últimos tempos. A decisão contraria resoluções da ONU segundo as quais o status da cidade sagrada para as três religiões monoteístas deve ser decidido em negociações com os palestinos. “A questão não e perguntar se vai, a questão e perguntar quando será”, afirmou.

O deputado se encontrou pela manhã com Jared Kushner, conselheiro-sênior da Casa Branca e genro de Donald Trump, tratando do tema durante a reunião. Os Estados Unidos mudaram sua embaixada para Jerusalém em maio deste ano, numa decisão seguida pela Guatemala dias depois e que despertou críticas internacionais.

Eduardo Bolsonaro — que no fim de um evento sobre economia recebeu de dois brasileiros um boné do presidente Donald Trump de presente e o colocou — minimizou eventuais problemas econômicos com a transferência da embaixada em Israel, o que pode gerar boicote dos países árabes a produtos brasileiros, principalmente no agronegócio. Mas ele disse que, se isso ocorrer, as empresas precisarão se adaptar. O Brasil exportou US$ 13,4 bilhões para países árabes em 2017, com um superávit de US$ 2,98 bilhões.

“Olha, todo mundo conhece Jair Bolsonaro, ele falou bastante isso na campanha. Se isso pode interferir alguma coisa no comércio, a gente tem que ter alguma maneira de tentar suprir caso venha a ocorrer esse tipo de retaliação. E eu acredito que a política no Oriente Médio já mudou bastante também. A maioria ali é sunita. E eles veem com grande perigo o Irã. Quem sabe apoiando políticas para frear o Irã que quer dominar aquela região a gente não consiga um apoio desses países árabes”, disse.

Ao mencionar o Irã, o deputado mais uma vez alinha a política externa anunciada por seu pai com os Estados Unidos, que buscam isolar o Irã no Oriente Médio através de políticas com nações aliadas na região. Em maio passado, Washington deixou o acordo nuclear com Teerã, apesar das críticas dos outros participantes — França, Alemanha, Reino Unido, Rússia e China — e retomou as sanções econômicas ao país.

O deputado, que está representando o futuro governo de seu pai em uma série de reuniões com autoridades americanas, também afirmou que não houve problemas com o Egito, que cancelou em novembro uma visita oficial que o chanceler Aloysio Nunes faria ao país após Bolsonaro indicar a possível mudança da embaixada brasileira para Jerusalém. O setor oriental (árabe) da cidade, ocupado pelos israelenses na Guerra dos Seis, em 1967, é reivindicado pelos palestinos como capital de um futuro Estado independente.

 

O Globo

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