Em tom de ironia e com a habitual verve política, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem se referido ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como “meu camisa 10”. O apelido, usado em conversas no Planalto, seria uma forma espirituosa de agradecer ao filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por, inadvertidamente, ajudar o petista a recuperar popularidade e assistir, de camarote, à fragmentação da direita brasileira.
Segundo interlocutores, Lula teria feito o comentário em meio a risadas, reconhecendo que o parlamentar acabou prestando um “serviço involuntário” ao governo, ao protagonizar polêmicas e alimentar disputas internas entre bolsonaristas e aliados da oposição.
A declaração reflete um cenário curioso da política nacional: enquanto o governo tenta se reerguer em meio a desafios econômicos e críticas internas, o campo da direita se mostra cada vez mais dividido. As recentes brigas públicas entre bolsonaristas raiz e grupos de direita mais moderada têm rendido dividendos políticos ao Planalto, que assiste à implosão adversária com certo alívio.
O apelido “camisa 10” — tradicionalmente reservado ao craque do time — traduz bem o humor ácido do presidente.