Carne brasileira entra na mira dos EUA e será taxada em 50%: decisão afeta negócios da JBS, ligada aos irmãos Batista

O empresário Joesley Batista, do grupo J&F 07/09/2017 Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS

A carne bovina brasileira deixará de ter tratamento diferenciado no comércio com os Estados Unidos e passará a pagar tarifa de 50% para entrar no mercado americano. A medida, anunciada pelo governo dos EUA como parte de uma ofensiva protecionista que atinge diversos países, representa um duro golpe para o agronegócio nacional — especialmente para grupos com forte presença no setor, como a JBS, controlada pela J&F Investimentos, dos irmãos Wesley e Joesley Batista.

O fim da isenção ocorre em um momento de tensão geopolítica e reposicionamento comercial dos Estados Unidos, liderado por uma gestão cada vez mais preocupada em proteger a produção interna, com vistas também às eleições presidenciais. A taxação da carne brasileira se insere no escopo de medidas previstas na chamada “Seção 301”, que autoriza Washington a retaliar práticas consideradas injustas por parte de seus parceiros comerciais.

Embora o Palácio do Planalto ainda não tenha se pronunciado oficialmente sobre o impacto da decisão, o revés atinge em cheio empresas com forte atuação no mercado externo. Entre elas, a JBS — gigante global da proteína animal — deve ser uma das mais afetadas. A companhia, com histórico de relações próximas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vinha buscando ampliar seu espaço no disputado mercado norte-americano, onde já mantém operações robustas.

A nova tarifa deve redesenhar a competitividade da carne brasileira, que perderá vantagem frente a outros exportadores, como Austrália e México. Para analistas do setor, além de reduzir o fluxo de exportações, a medida também deve pressionar preços internos e comprometer o desempenho de frigoríficos voltados à exportação.

Nos bastidores, especula-se que os irmãos Batista não tenham recebido com bons olhos a decisão da Casa Branca. A alta taxa desequilibra os negócios do grupo e dificulta os planos de expansão internacional da JBS, que já enfrenta resistência regulatória em outros mercados.

Com o endurecimento tarifário dos EUA, o governo brasileiro deverá ser instado a agir diplomaticamente para tentar reverter ou mitigar os efeitos da medida. No entanto, diante do cenário atual, o agronegócio nacional entra em alerta, vendo-se, mais uma vez, no centro de um embate comercial que pode custar bilhões ao setor.

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