Uma imagem vale mais que mil palavras — e, em tempos pré-eleitorais, pode valer ainda mais que mil acordos de bastidores. Foi assim que a recente cena registrada em São Bento, durante o “esquenta” do Arraiá Balançando a Rede, ganhou contornos que extrapolam a moldura do momento festivo. De um lado, Cícero Lucena (PP), prefeito da capital paraibana e nome ventilado para disputar o Governo do Estado. Do outro, Adriano Galdino (Republicanos), presidente da Assembleia Legislativa e pré-candidato já declarado à sucessão estadual. Entre sorrisos, conversas ao pé do ouvido e proximidade visível, o que se viu ali foi mais que cordialidade: foi sintonia política em estado puro.
A presença conjunta dos dois, ladeados por lideranças do PSB como o prefeito anfitrião Gerfeson Carnaúba, não passa despercebida. São Bento, “cidade das redes”, pode ter oferecido mais que um cenário pitoresco: pode ter se tornado o palco simbólico do início de uma possível aliança improvável — mas não impossível — entre dois dos principais nomes na disputa pela sucessão do governador João Azevêdo (PSB).
Horas antes, em Catolé do Rocha, os dois já haviam sido flagrados em clima de camaradagem, trocando sorrisos e confidências que, ao que tudo indica, não eram sobre forró. O conteúdo da conversa permanece em sigilo, mas o contexto político não permite ignorar a evidência: Cícero e Adriano parecem estar afinando o discurso. E, quando duas lideranças com esse peso se aproximam, não se trata apenas de coincidência — trata-se de cálculo.
A disputa interna na base governista tem, até agora, três nomes fortes: o vice-governador Lucas Ribeiro (PP), que trabalha para ser o candidato natural da continuidade; Adriano Galdino, que já explicitou sua intenção de disputar o governo; e Cícero Lucena, cujo nome circula com força nos bastidores e nas rodas políticas como alternativa de perfil gestor, com forte base na capital.
Lucas Ribeiro aposta no fator “sucessão direta”, já que pode assumir o comando do Executivo com a provável saída de João Azevêdo para concorrer ao Senado. No entanto, a movimentação recente de Cícero e Galdino pode sinalizar um novo eixo de poder dentro da base aliada — um bloco mais articulado, com experiência, densidade política e capilaridade regional.
Essa aproximação, embora ainda envolta em sorrisos e imagens amistosas, pode indicar um passo estratégico: a formação de uma chapa que una forças ao invés de dividi-las.
Por enquanto, tudo ainda está no terreno das suposições, mas a imagem registrada em São Bento lança luz sobre um movimento silencioso, porém eloquente. Se irão mesmo pular juntos a fogueira de 2026, só o tempo dirá. Mas que já estão ensaiando o passo, isso está mais do que claro.