O deputado federal Júnior Mano, suspeito de desviar emendas por meio de fraudes a licitações no Ceará, foi expulso do Partido Liberal (PL) e ingressou no Partido Socialista Brasileiro (PSB), após apoiar a candidatura de Evandro Leitão (PT) a Prefeitura de Fortaleza, no ano passado.
À sombra da popularidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Júnior Mano foi o segundo deputado mais votado de 2022, mas foi expurgado da direita por apostar no PT para derrotar André Fernandes (PL-CE), que disputava o mandato de prefeito da capital cearense. Fernandes foi o campeão de votos no Ceará, à frente do agora deputado socialista.
Até antes da investigação por suspeita de integrar uma organização criminosa, Júnior Mano estava cotado para ser o candidato do PSB a senador, em 2026, com a bênção de seu novo padrinho que o acolheu na esquerda, o senador Cid Gomes (PSB-CE).
Sua expulsão do PL foi tratada como uma reação a uma traição, infidelidade partidária, mas Júnior Mano segue no mandato conquistado pelo PL. E o agora socialista ainda passou a acusar de extremista a sigla que o acolheu como um dos principais nomes para a Câmara dos Deputados, em 2022.
A operação
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), bloqueou R$ 54,6 milhões e autorizou a Polícia Federal a buscar e apreender indícios de provas de um esquema de corrupção, nesta terça-feira (8), no gabinete do deputado federal Júnior Mano, na Câmara dos Deputados, em Brasília. A Operação Underhand investiga desvios de recursos de emendas parlamentares por meio de fraudes em licitações e contratos que teriam financiado corrupção eleitoral.
“O núcleo investigado é suspeito de articular o direcionamento de verbas públicas a determinados municípios cearenses mediante contrapartidas financeiras ilícitas, além de influenciar procedimentos licitatórios por meio de empresas vinculadas ao grupo”, detalhou a PF, sobre a investigação que contou com apoio técnico da Controladoria-Geral da União (CGU).
Defesa
A defesa do deputado federal Júnior Mano divulgou nota em que nega participação do parlamentar em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos. Além de afirmar que confia nas instituições o deputado do PSB diz reforçar seu compromisso “com a legalidade, a transparência e o exercício probo da função pública”.
“Como parlamentar, o deputado não exerce qualquer função executiva ou administrativa em prefeituras, não participa de comissões de licitação, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos. […] Tem plena convicção de que, ao final da apuração, a verdade dos fatos prevalecerá, com o completo esclarecimento das circunstâncias e o reconhecimento de sua correção de conduta”, diz trechos da nota da defesa de Júnior Mano.
A Liderança do PSB na Câmara dos Deputados também se manifestou afirmando que tomou conhecimento hoje da operação da Polícia Federal que investiga a atuação do deputado Júnior Mano. “Esperamos que todos os fatos sejam investigados e esclarecidos o mais breve possível, respeitando o devido processo legal e a ampla defesa”, disse, em nota.