Ciro Gomes propõe fim da reeleição, reformas em 6 meses de governo e renda mínima contra a fome

G1

O pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, afirmou nesta segunda-feira (13) que, se eleito, abre mão da reeleição para presidente, irá propor reformas nos seis primeiros meses de um eventual governo e defendeu a criação de uma renda mínima como forma de combate à fome.

Ciro Gomes deu as declarações em entrevista ao Podcast O Assunto, transmitida ao vivo diretamente do estúdio do g1. Foi a primeira de uma série de entrevistas com os pré-candidatos ao Palácio do Planalto.

Questionado sobre como pretende, se eleito, pôr fim ao chamado “orçamento secreto” e lidar com a atual cúpula do Congresso Nacional, Ciro respondeu:

“Primeiro gesto: abro mão da minha reeleição em troca da reforma do país.”

Em seguida, acrescentou que usará os seis primeiros meses de um eventual governo para propor reformas ao Congresso Nacional.

“Vai ser uma reforma só, um pacote inteiro, onde vai estar ali tudo junto, uma reconstitucionalização do Brasil para acabar com essa barafunda institucional em que estamos navegando: Supremo fazendo política, Congresso executando orçamento, Executivo sendo testa de ferro de ladrão. Isso vai matar o Brasil”, acrescentou.

O pré-candidato disse ainda que fará um “grande pacto” com governadores e prefeitos. “Dando em troca para eles a libertação fiscal”, declarou. Segundo ele, alguns estados estão “mortos”.

Os próximos pré-candidatos a serem entrevistados por O Assunto são Simone Tebet (MDB), no próximo dia 20, e Andre Janones (Avante), em 11 de julho. Os pré-candidatos Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) também foram convidados, mas não confirmaram presença até a data-limite (3 de junho).

Levantamento do instituto Datafolha divulgado em maio mostrou Ciro Gomes em terceiro lugar, com 7% das intenções de voto, atrás de Lula, com 48%, e de Jair Bolsonaro, com 27%.

Esta é a quarta tentativa de Ciro Gomes de chegar à Presidência da República. O ex-governador do Ceará também participou da disputa em 1998, 2002 e 2018, mas nunca chegou ao segundo turno.

Renata Lo Prete entrevista Ciro Gomes, pré-candidato à Presidência — Foto: Celso Tavares/g1

Renata Lo Prete entrevista Ciro Gomes, pré-candidato à Presidência — Foto: Celso Tavares/g1

Combate à fome e renda mínima

Durante a entrevista, a O AssuntoCiro Gomes foi questionado sobre o que pretende fazer se eleito para combater a fome.

Pesquisa divulgada na semana passada mostrou que mais de 33 milhões de pessoas passam fome no Brasil atualmente.

Ao responder, Ciro Gomes defendeu que o governo compre alimentos de produtores e garanta “renda mínima” para a população. Acrescentou que o programa terá “porta de saída”.

“O problema brasileiro é que nós destruímos uma estrutura que o Brasil exemplarmente já teve e que o mundo inteiro tem, que é uma estrutura de abastecimento e preços. No Brasil, era Conab, Cibrazem, Cobal, que eram estruturas que fazem o óbvio: chegou na safra, o governo entra comprando para proteger o produtor com a política de preços mínimos, porque ele não tem dinheiro para pagar o banco, o agiota, não tem onde guardar, onde processar”, declarou Ciro.

“O Brasil poderia fazer isso de forma exemplar para o mundo, guardar estoques reguladores. Veio a seca, veio a entressafra, veio um choque de preços de demanda internacional? Em vez de aumentar a taxa de juros, que não tem efeito nenhum para isso, a gente desova os estoques reguladores a partir de programas de segurança alimentar, em que, lá na ponta, você vai ter que ter um cadastrão e a renda mínima”, completou.

Desaparecimentos na Amazônia

Sobre o desaparecimento na Amazônia do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira na Amazônia, Ciro Gomes disse que o narcotráfico domina a região do Vale do Javari, onde eles desapareceram.

“Em relação a esses dois crimes, a essas duas vítimas do crime, o Bolsonaro os inculpou. Os inculpou. Repare, ali na região é pesca, é mineração, mas sabe quem está tomando conta? General Heleno [ministro do GSI], eu estou sabendo o que está acontecendo. Eu estou sabendo o que está acontecendo: é o narcotráfico, com o olho fechado das Forças Armadas brasileiras.”

Política para a Amazônia

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