Mourão segue passos de Temer e pode reeditar ‘Ponte para o Futuro’; por Ivandro Oliveira

Vice-presidente Hamiltom Mourão. Foto: Sérgio Lima/PODER 360

A crise política vivida pelo país, agravada pelo ambiente bélico estabelecido entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o Judiciário, leia-se Supremo Tribunal Federal (STF), pode ensejar algo parecido que Michel Temer, comandante à época do MDB, fez, em outubro de 2015, quando divulgou Uma Ponte Para O Futuro, um prenúncio do que aconteceria tempos depois, com a ascensão do então vice-presidente da República, após impeachment de Dilma Rousseff, do PT. Diante de tantas especulações, fica cada vez mais solar um possível afastamento de Bolsonaro, caso o clima de animosidade perdure e desemboque no Congresso Nacional.

Nos bastidores, conforme apuração do Tá na Área, esse processo, ainda embrionário, pode ganhar vulto, a depender da repercussão das manifestações programadas para este domingo, dia 12, e organizadas pelo Vem Pra Rua, MBL e outros, coincidentemente, os mesmos que capitalizaram as mobilizações que abreviaram o segundo mandato da petista.

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, que está na região amazônica, cumprindo agenda oficial até esta sexta-feira (10) na companhia de chefes de missões diplomáticas de outros países que visitam as cidades de Parauapebas, Altamira, Medicilândia e Belém, no Pará, sempre teve uma relação distante do presidente Jair Bolsonaro, apesar de respeitosa, tem mantido distância das polêmicas e evitado comentar temas mais controversos, certamente para não criar mais animosidade no momento em que o Planalto vive um de seus momentos mais apreensivos.

Aliás, para quem é mais atento a cena, a postura de Mourão lembra muito a do próprio Temer nos momentos mais dramáticos vividos por sua antecessora nos momentos mais cruciais e agudos da crise política que a levou a deposição do comando do Brasil.  Sem mais qualquer margem para erros, Bolsonaro desidrata a cada dia e parece cada vez mais dependente de uma bolha que até pode fornecer sobrevida por mais algum tempo, mas que nunca será decisiva para manutenção ou prorrogação da estadia nos palácios do Planalto, onde trabalha, ou no Alvorada, em que reside com sua família.
Assim como Dilma, Bolsonaro caminha a passos largos para perder as condições de governabilidade, e isso passa pelo Congresso Nacional, o vice-presidente Hamilton Mourão, seguindo o mesmo script de Michel Temer, cresce como alternativa constitucional para dar rumo ao país, dentro de um ambiente de consenso e que pode resultar numa futura convergência política pelo bem do Brasil e dos brasileiros, porque, diria o saudoso senador e ex-governador José Maranhão, “na política, como no amor, não raro se processa a união dos contrários”.
No momento em que se discute aqui e alhures uma solução que consiga fazer a travessia do atual para um futuro momento, o general Hamilton Mourão pode reeditar Temer e ser a ponte que pelo menos conduza o país a um novo tempo, sem ódio e nem rancores.

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